Em outubro, 400 samurais comandados pelo ex-ministro da Guerra, Maebara Issei, se viram derrotados diante do castelo de Hagi. Dessa vez, os atacantes morreram antes mesmo de alcançar as muralhas. Os sobreviventes foram executados no local. Ante a ameaça de uma insurreição geral, o governo decidiu transferir o importante arsenal de Kagoshima para Osaka.
Em 30 de janeiro de 1877, um navio adentrou a baía com a missão de embarcar as armas e munições do arsenal. Mas, informados da operação, os alunos samurais de Saigo impediram a aproximação da embarcação. A tropa imperial bateu em retirada. Obrigado a escolher entre sua honra - o código ao qual obedecia proibia-lhe opor-se a seu soberano - e a de seus alunos, Saigo foi elevado a contragosto à chefia dos samurais.
Embora não dispusesse de uma estratégia, teve de marchar sobre Tóquio. Esperava arregimentar a população no meio do caminho. De fato, durante as primeiras semanas, numerosos ronin aderiram ao movimento, e a revolta, denominada seinan, ganhou toda a província. Saigo, entretanto, teria de propiciar a seus homens uma grande vitória antes de negociar com o governo. Espetáculo de uma outra época: a longa coluna avançava ao som dos tambores de guerra. As bandeiras tremulavam acima dos homens em armas. Os ferros das lanças e das alabardas apontavam para o céu. Todos se recordavam da história daqueles 47 ronin que em 1703, depois de vingar seu amo, se suicidaram sobre seu túmulo.
Desde então, em Tóquio, uma cerimônia comemorava anualmente esse sacrifício. Em 22 de fevereiro, debaixo da neve, 15 mil guerreiros vestidos de armadura agruparam-se diante do castelo de Kumamoto. Os samurais dispunham de alguns velhos fuzis holandeses, mas não tinham munições. À frente deles, a guarnição de Kumamoto, comandada pelo general Tani Kanjo, compunha-se de recrutas armados com novos fuzis ingleses e carabinas importadas dos Estados Unidos. O sítio duraria 50 dias. Em vão.
No mês de abril, os rebeldes estavam ameaçados de cerco pelos reforços legalistas comandados pelo príncipe Taruhito Arisugawa Nomiya, ex-companheiro de armas de Saigo. Robert Neil Walker, rico comerciante inglês residente em Nagasaki, organizou o transporte das tropas legalistas para Kyushu. Após uma fuga de vários meses entremeada por sangrentas escaramuças, Saigo chegou a Kagashima com apenas 400 homens. O exército imperial também sofreu pesadas perdas, quase sete mil combatentes.
Ao raiar do dia 24 de setembro de 1877, os 30 mil soldados do príncipe Arisugawa cercaram os rebeldes no sopé do monte Shiroyama. Numa carga heróica, os últimos samurais pereceram de sabre nas mãos, na mais pura tradição do bushido. Entre eles Togo Sokuro, o irmão mais velho do futuro almirante vencedor dos russos em 1905.
O próprio Saigo foi ferido no quadril. Preferindo a morte à humilhação da captura, decidiu pôr fim aos seus dias de acordo com o rito seppuku. Seu lugar-tenente, Deppu Shinsuke, cortou a cabeça do último grande chefe samurai da história do Japão. O sacrifício de Saigo Takamori conferiu à tradição samurai a força de uma lenda.