A era Meiji iniciou com a subida do Imperador Meiji (1852-1912) ao poder em 1868.
Uma vez no trono, iniciou a introdução de novidades tecnológicas, como o telégrafo e as ferrovias, e a abertura dos portos. Nesta fase de transição, existia o contraste entre empresários vindos do Ocidente e grupos de ronin (samurais sem senhor) envergando seu jukata (quimono) e trazendo à cinta os dois sabres (o katana e o wakizashi, mais curto) dos bushi (guerreiros).
Neste período, mais de mil castelos foram destruídos por ordem imperial. Os grandes senhores, despojados de suas terras, abandonaram mais de um milhão de samurais, que se aglutinavam sem renda nos subúrbios das grandes cidades. A nova administração aconselhou-os a reconverter-se à agricultura, ao artesanato ou ao comércio. Eles se exilavam aos milhares na ilha de Hokkaido, ao norte, com a esperança de criar fundos agrícolas. Infelizmente, as terras virgens ofereciam poucas riquezas aos recém-chegados.
O ministro da Guerra, Saigo Takamori, cercado de um punhado de veteranos, defendeu-lhes a causa junto ao imperador. Em vão. No entanto, bastaria uma expedição militar no estrangeiro para contentar a imensa classe dos samurais.
Saigo Takamori e seus companheiros deixaram então o governo. Renunciaram à política e regressaram à sua Kyushu natal, a grande ilha do sul do arquipélago. Instalado em Kagoshima, Saigo consagrou-se à gestão de uma das últimas escolas do Japão onde se ensinavam as tradições a jovens filhos de samurais. Desse modo, ele retomava a própria essência do bushido. Kyushu era o berço da ética samurai. Codificados no início do século XVIII, os preceitos do bushido impunham ao guerreiro qualidades de abnegação, paciência e generosidade, frugalidade e coragem.
Em contrapartida, o samurai defendia uma arte de vida refinada na qual se mesclavam a caligrafia, a cerimônia do chá e a arte do teatro. À sua pessoa estavam associadas ao mesmo tempo a força da espada (katana) e a fragilidade da flor de cerejeira (sakura). Saigo contava assim formar uma nova geração de guerreiros, capaz de resistir à influência européia.

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